segunda-feira, 28 de março de 2011

Um dia para meu clone


Aposto que já falaram pra você: Tem que estudar, se profissionalizar e estar em constante reciclagem. Pois, minha história com relação aos estudos a maioria já conhece e resolvi investir na profissão de sommelière porque é o que eu gosto de fazer, e acredito que trabalhar com gosto torna tudo melhor, mais fácil e mais prazeroso. Tive com os vinhos as melhores oportunidades da minha vida, e não estou falando financeiramente, mas em tantos aspectos que para mim são importantes: o apendizado foi tamanho... conheci um mundo que para mim, até então, não existia. Foi e é mágico. 
Mas, enfim, por razões alheias a minha vontade, voltei pra casa. Esta cidade nunca me ofereceu grandes oportunidades, sendo eu a aquariana típica, a "serzinha" que busca algo incomum quase como uma necessidade e agora não está sendo diferente.
Hoje tive duas entrevistas para emprego: a primeira foi uma tentativa de me enquadrar nos pré-requisitos  exigidos por uma franquia que está se instalando na cidade. Aliás, vai ser inaugurado o primeiro shopping de verdade e este está repleto de franquias. 
Nesta entrevista fui a primeira a chegar. Estava marcada para 8h da manhã e cheguei quinze minutos antes. Era 8:30 quando chegaram a dona da marca (franquia) e um homem e duas mulheres (franqueados)  e me chamaram para uma sala minúscula. Pediram que eu falasse sobre minhas experiências com atendimento e falei. Perguntaram se tenho marido ou filho e em seguida me pediram que aguardasse na recepção que fariam mais algumas entrevistas. 
À medida que as entrevistadas saíam da sala, começava um burburinho sobre a oferta salarial: a bagatela de 565 reais para todas as funções disponíveis. Logo em seguida, todas foram deixando a sala. Fiquei ali assistindo a tv que estava na Record e pensando na vida. Uma das senhoras me disse que se decidissem por mim me ligariam. Acenei e fui embora torcendo para que não me liguem nunca mais. 
Se algo me consola é que aquelas senhoras não tiveram a coragem de me dizer o quanto pagarão para as futuras escravas, ainda bem que sentiram vergonha porque é vergonhoso.
Aí vem a segunda parte. Almoço e nova entrevista. Dessa vez meu alvo não era uma franquia qualquer, era uma loja de vinhos. Um amigo me passou as coordenadas, e parti para mais uma tentativa. Torci muito pra dar certo porque realmente me sinto muito bem entre as garrafas, mas a vaga era para vendedor externo e essa não é a minha praia. Senti que acima de tudo eles queriam saber quem eu era, pois já ouviram falar de mim algumas vezes. Apresentações feitas e nem um acordo. A vida é assim, um conjunto de tentativas frustradas e um ou outro acerto pra consolar.

Sempre penso que tenho duas escolhas: persistir ou desistir. Sempre escolho a primeira mas sei que tenho também a segunda como opção.
Um dia chato e improdutivo. Ah, como eu queria ter um clone para mandar no meu lugar.

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