quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Alma Negra 2007

Feriado pede almoço especial e vinho bom para acompanhar. 
O vinho do dia foi o Alma Negra 2007, um mistério pois o produtor Ernesto Catena não declara quais castas foram usadas na elaboração deste vinho. Provavelmente trata-se de um corte com malbec e talvez cabernet sauvignon... mas prevalece o mistério... bom demais diga-se de passagem. Vinho com aromas intensos, camadas de chocolate, frutas vermelhas em compota, especiarias. Bom volume na boca, taninos macios... um vinhaço!
Fica aí a dica de um vinho sensacional que acompanha bem carnes vermelhas e caças.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Biografia autorizada

Penso que seria bom escrever minha biografia, uma vida sem muitas histórias interessantes, mas toda vida por mais monótona que seja é interessante, tem seus porquês, seus momentos felizes e sua carga dramática.
Ao compartilhar um pouco do meu passado não busco consolo ou compaixão, busco apenas dividir experiências, afinal o que passou passou mas pode servir para alguma coisa, sei lá... ou não?
Rever, remexer passado, recontar uma história... A quem pode interessar senão a psicologia que acha que reviver emoções pode fazer maravilhas por você? Eu reviro meu passado só para compartilhar experiências mesmo, ou mostrar o que é uma vida bem pobrinha em experiências. Vida que corre para o mar. Vida que é uma só. Escolhas que te impulsionam, o caminho é sem volta e uma escolha geralmente anula uma possibilidade totalmente oposta... 
Problema é que a consequência é conhecida depois da escolha feita... e o caminho é sem volta. Claro que podemos voltar atrás nas decisões, mas não no tempo... nunca!
A vida é assim mesmo.


domingo, 2 de outubro de 2011

Não ter, não ter...

Com a facilidade em buscar imagens na internet, volta e meia me pego revendo coisas relacionadas aos anos 80 - a minha década - o meu tempo.
Naquele tempo... É, me pego falando como gente vivida, experiente, como meus pais falavam e começo uma "viagem" a um tempo que me pertence, as minhas lembranças.
Sou filha única, porém não eram tempos de fartura financeira e também nunca soube o que era "não ter" o necessário. Fui criada em meio aos adultos, pois quando nasci mamãe tinha 40 anos e os filhos das amigas delas já estavam bem crescidinhos. 
Tive alguns brinquedos legais, mas não tive todos os que quis. As bonecas eram bem paradonas, então eu gostava mesmo de montar o ferrorama no meio da sala, gostava de carrinhos e brinquedos movidos à pilha.
Posso listar os que tive e foram mais legais: o ferrorama, um revólver, aquaplay, pianinhos, vídeo game, bicicleta, o meu bebê- aquele que só tinha uma tochinha de cabelo. Tive pogo-bol, jogos de tabuleiro, bolas, raquetes e etc.

Posso listar os que quis muito mas não tive: autorama, o robô Ar-tur, gênius, bicicleta caloi cross, patins, som 3 em 1.
Claro que diante do "não ter" um brinquedo que queria muito me sentia triste, mas era uma criança feliz que não se abatia facilmente. Esse tipo de lembrança não me machuca, e consigo me orgulhar te ter aproveitado a felicidade da infância, propiciada pelo ambiente, por pessoas que faziam parte da minha vida. Eu sabia, não sei exatamente como, que o ser era infinitamente mais importante que o ter. E eu era o que queria ser, e eu vivia a vida que queria ter.
Quando tinha uns oito anos as coisas começaram a ficar complicadas. Meu pai teve problemas com alcoolismo e minha casa era um inferno, sem violência física mas com muita violência verbal. 
A pessoa que mais me dava suporte era minha madrinha que descobriu um cãncer e morreu nesse mesmo tempo- setembro de 1985. Meu mundo caiu, mas só me dei conta com o passar dos dias e dos anos.
Nessa época, a paz para mim já era mais importante que qualquer brinquedo e ter isso ou aquilo não me fazia melhor ou mais feliz. Notei então que ter alguém é bem mais difícil do que ter um brinquedo, pois é preciso sentir e acreditar.
Meus tios e primos nunca se importaram comigo, talvez pela diferença de idade ou distância emocional que tínhamos e temos e teremos.
Um dia de cada vez e os tempos difíceis já faziam parte do passado. Com muito trabalho, conseguimos recuperar meu pai e formamos uma familia pequena e feliz, agora já não somos mais aquelas pessoas de 1985... somos o que podemos ser. Quando falo da infância que tive, me refiro até 1985, no entanto meu rendimento escolar nunca diminuiu e sempre tive facilidade e gosto em aprender e sempre soube separar as coisas. 
Outros tempos vieram e eu pude ter coisas que na década de 80 nem sonhava ter e mais uma vez pude comprovar que juntar coisas não me faz mais feliz do que juntar pessoas, mas esta é uma dificuldade que tenho, não as sinto perto, não as sinto se importando comigo, salvo raras exceções.
Desde que me conheço abominava bebida alcóolica que destrói tantos lares, inclusive o meu que levou tempo para ser reconstruído, não sem deixar suas marcas. Quis o destino que durante minha estada na Bahia num período em busca de mim mesma, me descobrisse fascinada por vinhos. 
Fui morar na Bahia totalmente aberta para o novo, para algo que não conhecia pois isso me faltava... me faltava paixão pela vida, pela minha vida.
Busquei trabalho em recepção de hotel, mas o que apareceu foi de vendedora em loja de vinhos. Pensei em recusar, pensei seriamente. Era um mundo que eu desconhecia e minhas referências, minhas experiências não eram tão boas.
Aceitei e foi o primeiro emprego que tive gosto em ter. Aprendizado intenso. Hoje não me imagino fazendo outra coisa senão tudo o que faço relacionado ao mundo do vinho. Encontrei nesse meio também bons amigos. O caminho que percorri foi esse. Nenhum caminho ou escolha é fácil, as dificuldades fazer parte, o desafio nos move o tempo todo. Algumas coisas permanecem num lugar intocado.