quarta-feira, 1 de junho de 2011

... vida que segue

Fui fazer uma entrevista de emprego em Santo André, num lugar que imaginava ser bom para trabalhar. Minha mãe me acompanhou pois aproveitamos para visitar um tio que mora lá e não víamos há muitos anos, desde muito antes de ter ido morar na Bahia. Até chegar na casa dele teve muita aventura, pois para quem não sabe eu tenho um trauma de metrô desde quando tinha 11 anos e fui à São Paulo. Naquela ocasião a experiência foi terrível em vários aspectos, uma delas que eu não portava meus documentos e tive de passar por entrevista com juizado de menores e outra que por muito pouco não vou dentro do metrô sozinha e minha mãe com meu primo ficam do lado de fora, numa estação qualquer que não me lembro agora, e para minha tristeza tive que encarar o metrô que continua desconfortável, lotado e até assustador como sempre achei, mas o importante é que consegui encarar e enfrentar um medo que não sei dimensionar, mas fiz algo que evitei por muito tempo e que de certa forma faz parte da vida de quem se desloca de vez em quando. 
Chegando na casa de meu tio, uma casa bonita e acolhedora, a sensação é de que estive lá há pouco tempo, mas na verdade fazia algo em torno de 8 anos que eu não o via e dá para contar nos dedos as vezes que fui visitá-lo. É um grande cara, não nos vemos somente pela distância e por costumes  que talvez sejam atribuídos a diferenças de que a vida em cidades tão diferentes podem proporcionar, mas sempre que nos vimos foram situações e momentos bons, tenho muito carinho por ele e todos os seus.
E desta visita breve, partimos para a minha entrevista de emprego. Fui carregada de esperança, pois tenho qualificação para a vaga, tudo certo pra dar certo e eis que o salário oferecido não me permite trabalhar, pois não me assegura o mínimo necessário para viver em outra cidade. Falando assim, alguém pode pensar que eu preciso muito dinheiro, mas é que não consigo viver com 900,00 tendo que me garantir moradia, alimentação, vestuário, cursos, e uma visita à casa dos meus pais uma vez por mês. Matematicamente fica impossível.  A que ponto cheguei? Encontro a vaga de emprego mas o salário não me permite trabalhar. Nunca antes estive nesse impasse, que não é um impasse pois não há dúvidas, os números falam por si. 
No entanto, posso registrar que foi a entrevista mais bem feita que já fiz na vida e a certa altura o que tive foi um empregador que não conseguiu segurar o choro, pois está emocionalmente destruído com a perda de um filho há oito dias num acidente. Cortou meu coração. Vi a foto do moço num celular: Bonito demais e a perda de uma pessoa querida é a dor incurável, é quando morremos também um pouco. Tentei deixar-lhe palavras de encorajamento, apesar de que palavra nenhuma vai diminuir a tristeza que está sentindo, e desejei que a família encontre forças para continuar a viver.
Muito provavelmente a proposta salarial não vai me permitir conquistar um emprego, mas enfim, terei lembranças de fatos para refletir sobre a existência por toda esta semana.

2 comentários:

Egle Villanova disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Egle disse...

Curar traumas é uma grande vitória! Parabéns! Uma pena apenas pela vaga não ter dado certo!
bjos