Impressões de Outono
Sempre imagino um copo de veneno sobre um piano de cauda preto. A decisão de tomar o veneno é minha, eu sei.
E sempre também grandes campos gramados com um banquinho branco me reportam a um lugar onde gostaria de estar. A solidão é escolha minha, eu sei.
A vida segue e quase todas as pessoas sabem para onde estão indo, as folhas caem. O tempo passou, e nada do que era certo conseguiu resistir. Chego aqui desprovida de ideias e de vontade de fazer escolhas. Por mais que insista não se muda o fluxo de um rio. Não se vive de metáforas, então deixa-se de viver sim, ainda que respire.
O equinócio de outono é o equinócio da vida. Ainda resta um tempo como este que foi gasto com palavras melancólicas para se virar o jogo.
Se nada mudar então, ainda assim chegará o inverno. Se nada mudar, continuarei tomando daquele veneno que está em cima do piano, continuarei me matando aos poucos, sentada naquele banquinho branco quase sem forças para caminhar, quase não suportando o frio que se instala e a fome da alma. Nada mais conseguirá suprir a carência da alma...
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