terça-feira, 28 de junho de 2011

Resumo da Ópera


Domingo (26) fui até São Paulo. O destino final foi o teatro Oficina para ver e ouvir  Cortinas Lyricas com o recital "Alma del Core" onde conheci pessoalmente a Cathy. 
Bom, vamos por partes: Acordei bem cedo e antes das 9 horas já estava lá na tradicional feira do bairro da Liberdade. Nesta feira vi algo que pode ser pior do que as já conhecidas testemunhas de jeová, são as testemunhas de jeová em japonês que querem nos empurrar as suas revistinhas, mas mal entendemos o que querem nos dizer e são muito insistentes. Fora isso, tudo muito interessante.
Eu  estava lá na hora em que planejei. Enquanto aguardava do lado de fora, observei dois estudantes de qualquer coisa relacionada à música que faziam anotações em apostilas do curso que frequentam e trocavam ideias entusiasmados, pois aguardavam tb para o recital. Um dos rapazes copiava uma partitura, fazendo bolinhas e perninhas desesperadamente, seria aquilo chamado de cifras... (ou não!) Naquele momento pensava quanta coisa que eu não sabia e não sei... de música eu só sei o que sinto quando ouço e mais nada. Sei dizer o que gosto e o que não gosto, mas sou praticamente uma analfabeta musical.
Observei também uma senhora que usava um óculos como o de Robin Williams em "Uma Babá Quase Perfeita" e que é toda prosa, me falou inclusive que nasceu em São Paulo e que depois dali gostaria de dar uma passadinha na Parada Gay. Eu, pra variar, só ouço. Pensei como seria se eu tivesse nascido também naquela cidade. Pensei como serei quando estiver com aquela idade. Pensei tantas coisas, e pensei por fim algo assim: Cara, olha eu aqui. Abelhuda. Isso mesmo. Que bom que eu vim, daqui a pouco vou ver a Cathy, uma pessoa que até agora só vi pela internet, mas cujos caracteres me mostraram uma pessoa super admirável. Sua musicalidade é seu talento.
Entrei logo para sentar na primeira fila. O recital foi maravilhoso. Todas as quatro cantoras fizeram ótimas apresentações. Ao final pude cumprimentar a Cathy, ganhei uma rosa e me senti muito feliz.
Resumo da ópera: Que bom que a vida tem dessas coisas! 

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Conversa de ponto de ônibus





Vou me aproximando do ponto de ônibus e uma senhora já começa a puxar conversa. Adoro conversas de ponto de ônibus e qualquer outra então estou super receptiva. 
Eu tinha acabado de fazer compras no supermercado e carregava tudo na minha sacola ecológica, talvez por isso a senhora me pergunta:
- Você é casada? 
-Não. respondi.
- Mas vai se casar? Pretende? retornou.
Rapidamente pensei o por que de aquela senhora que nunca vi antes queria saber da minha vida e mesmo sem saber deixei a conversa fluir na esperança de que meu ônibus chegasse logo.
- Não pretendo me casar. Estou bem assim. Solteira.
- Você tem filhos?
- Não tenho. 
E um grande interrogatório se seguiu. Fica até chato transcrevê-lo. Em certo ponto, já um pouco irritada com perguntas comecei a discursar:
- Olha, casar eu não vou mas isso não quer dizer que não dê uns beijos na boca porque isso é bom e necessário. O que vai fazer uma pessoa na vida se não casar e não beijar na boca?
A senhora questiona: Mas e depois como vai ficar com Deus? 
- Olha, pretendo explicar. E sei que ele vai entender. Ele vê este mundo que deixou para nós como está. Vou me casar com quem? Eu não vou botar filho no mundo, não matei, não roubei, até uso sacola ecológica... mas beijo na boca e acho que não tem nada demais.
Para minha paz, a senhora entendeu e parou de me fazer perguntas e em seguida me deu um número de telefone onde posso ouvir mensagens religiosas. Repetiu umas 10 vezes que gostaria que eu ligasse lá, ouvisse a mensagem e em seguida ligasse para ela, para conversarmos sobre a mensagem.
Não fiz isso porque tive receio daquela senhora ter bina e daqui a pouco ficar me ligando diariamente para me fazer perguntas, afinal ela é tão boa entrevistadora quanto a Gabi.
Falamos de casamento, filhos, igreja. Falamos também de emprego, do mundo, e de mais outros tantos assuntos. O ônibus demorou tanto, mas apareceu e então fui embora.

sábado, 11 de junho de 2011

Arrumar trabalho dá trabalho.

Sempre escrevi. Antigamente eram diários, pilhas de diários. Tenho duas necessidades: Uma é a de me sentir íntima das palavras e a outra de desabafar, registrar, ler e reler, pois assim posso até descobrir que estava errada em relação a algum dos meus achismos. Essa introdução toda para falar que fui chamada para nova entrevista naquele emprego em Santo André. Óbvio que se enviei meu CV e fui até lá é porque queria muito o trabalho, mas o salário oferecido não me permite morar lá, investir na profissão e viver dignamente: fixo de 800 reais e uma comissão que gira em torno de 400 reais. Será que estou equivocada e isso é realmente um montante considerável? 
Confesso que fiquei tentada a aceitar. Alugar um apartamento na cidade, mobiliar. Pensei também que duas vezes por mês poderia viajar para o interior ver meus pais, e alguma vez adicional caso precisassem de mim. 
Com esse valor é também possível me vestir com roupas boas, nem estou falando de grife, porque não fui criada vestindo etiquetas caras e famosas. Nem faço questão.
Mentalmente já vi que vacilei ao recusar. Era uma proposta irrecusável. Já poderia até me programar pois com uma economia mensal poderia ter férias em algum país bam-bam-bam dos vinhos. 

Brincadeiras à parte, não dava mesmo. Uma pena que uma empresa como esta não me ofereceu condições de trabalho. Aparentemente é uma empresa interessante. A vida continua e a minha busca também.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

... vida que segue

Fui fazer uma entrevista de emprego em Santo André, num lugar que imaginava ser bom para trabalhar. Minha mãe me acompanhou pois aproveitamos para visitar um tio que mora lá e não víamos há muitos anos, desde muito antes de ter ido morar na Bahia. Até chegar na casa dele teve muita aventura, pois para quem não sabe eu tenho um trauma de metrô desde quando tinha 11 anos e fui à São Paulo. Naquela ocasião a experiência foi terrível em vários aspectos, uma delas que eu não portava meus documentos e tive de passar por entrevista com juizado de menores e outra que por muito pouco não vou dentro do metrô sozinha e minha mãe com meu primo ficam do lado de fora, numa estação qualquer que não me lembro agora, e para minha tristeza tive que encarar o metrô que continua desconfortável, lotado e até assustador como sempre achei, mas o importante é que consegui encarar e enfrentar um medo que não sei dimensionar, mas fiz algo que evitei por muito tempo e que de certa forma faz parte da vida de quem se desloca de vez em quando. 
Chegando na casa de meu tio, uma casa bonita e acolhedora, a sensação é de que estive lá há pouco tempo, mas na verdade fazia algo em torno de 8 anos que eu não o via e dá para contar nos dedos as vezes que fui visitá-lo. É um grande cara, não nos vemos somente pela distância e por costumes  que talvez sejam atribuídos a diferenças de que a vida em cidades tão diferentes podem proporcionar, mas sempre que nos vimos foram situações e momentos bons, tenho muito carinho por ele e todos os seus.
E desta visita breve, partimos para a minha entrevista de emprego. Fui carregada de esperança, pois tenho qualificação para a vaga, tudo certo pra dar certo e eis que o salário oferecido não me permite trabalhar, pois não me assegura o mínimo necessário para viver em outra cidade. Falando assim, alguém pode pensar que eu preciso muito dinheiro, mas é que não consigo viver com 900,00 tendo que me garantir moradia, alimentação, vestuário, cursos, e uma visita à casa dos meus pais uma vez por mês. Matematicamente fica impossível.  A que ponto cheguei? Encontro a vaga de emprego mas o salário não me permite trabalhar. Nunca antes estive nesse impasse, que não é um impasse pois não há dúvidas, os números falam por si. 
No entanto, posso registrar que foi a entrevista mais bem feita que já fiz na vida e a certa altura o que tive foi um empregador que não conseguiu segurar o choro, pois está emocionalmente destruído com a perda de um filho há oito dias num acidente. Cortou meu coração. Vi a foto do moço num celular: Bonito demais e a perda de uma pessoa querida é a dor incurável, é quando morremos também um pouco. Tentei deixar-lhe palavras de encorajamento, apesar de que palavra nenhuma vai diminuir a tristeza que está sentindo, e desejei que a família encontre forças para continuar a viver.
Muito provavelmente a proposta salarial não vai me permitir conquistar um emprego, mas enfim, terei lembranças de fatos para refletir sobre a existência por toda esta semana.